Sexta-feira passada aconteceu o 1º GP João Henrique de Motocross, prova comemorativa ao aniversário do sobrinho-neto deste desengonçado corujão.
Não sei se por cerveja, pieguice ou saudade antecipada, ocorreu-me um súbito pensamento durante a festa:
Pode um desengonçadinho de um ano de idade e bochechas vermelhas ter fé? Em que será que ele acredita?
Eu sei que um dia JH vai saber dos pensamentos esquisitos do tio-avô, mas uma dúvida como essa não pode esperar tanto tempo, nem ficar sem resposta - não depois daquelas cervejas.
Além do mais, havia oportunidade melhor para perguntar ao próprio JH, em pessoinha?
Convenci-o a deixar a piscina de bolinhas com um argumento infalível. Disse que tinha um armário inteirinho, de portas bem abertas, cheio de badulaques, só para ele mexer.
Depois de me desculpar pela mentira e me certificar de que ninguém ouvia, sussurrei a inadiável pergunta:
- João, netinho do tio, sobrinho do vô, tu tem fé?
João me olhou por alguns segundos. Refletiu, apontou para os armários fechados, balançou o dedinho, coçou a orelha.
Uma pergunta como aquela merecia uma resposta à altura.
Finalmente, depois de comer um brigadeiro e limpar os dedos na minha camisa, João Henrique respondeu:
- Mamamama! - E acelerou o meu nariz.
- Guru, sábio guru, me responda só uma coisinha.
- Ih, conheço você. Começa com uma coisinha...
- Apenas me diga, assim, sem mais delongas. Esse guri aqui, com esses olhinhos de matar a gente, ele tem fé?
Baragahansa lambeu os dedos para limpar o molho do cachorro-quente, observou João Henrique por alguns segundos, fez blrrrrrr, fez careta, imitou um jumento. Voltou a observar.
João, o observado, acelerava as tranças do guru.
- Eu diria que sim – afirmou Baragahansa depois de algum tempo -.Talvez - disse em seguida -. Talvez não - disse depois.
- É provável - concordou Baragahansa depois de mastigar uma coxinha - Geralmente você sente esse barato quando algo impossível acontece a você. Aquele instante em que, de alguma forma, você já sabia que o impossível ia acontecer.
- Como uma ultrapassagem na última curva - interferiu Papai Rodrigo.
- Já sem pneu e braço. Sim. Ali você recebe o sopro sublime que precisava.
- A tal sensação de Deus? - perguntei.
- Essa.
Será que existe, no mundo inteiro, alguém mais sorridente e gentil do que esse desengonçadinho de Deus?
*(Notinha final: Para desespero do pai, JH vai ser poeta.)
Depois de me desculpar pela mentira e me certificar de que ninguém ouvia, sussurrei a inadiável pergunta:
- João, netinho do tio, sobrinho do vô, tu tem fé?
João me olhou por alguns segundos. Refletiu, apontou para os armários fechados, balançou o dedinho, coçou a orelha.
Uma pergunta como aquela merecia uma resposta à altura.
Finalmente, depois de comer um brigadeiro e limpar os dedos na minha camisa, João Henrique respondeu:
- Mamamama! - E acelerou o meu nariz.
Confesso que não era bem a resposta que eu esperava. Por isso a dúvida ficou pairando por ali, entre salgados, brigadeiros e troféus.
Ao perceber a ausência de respostas, a dúvida, essa Honda desgovernada, contornou os cuidados e atenções de Mamãe Carol, dobrou a curva da Vó Nelda, saculejou sobre minhas costelas magras e se postou no topo do pódio.
Então eu ouvi Baragahansa.
Não, não foi o ronco dos motores. Rasta Baragahansa foi um iogue, guru e capoeirista jamaicano que desapareceu em 1836 depois de um encontro misterioso com um pajé de Washington.
Mas, para os que sabem perguntar, o mestre sempre costuma se manifestar nesses casos de perguntas irrespondíveis e Polar em excesso.
Dessa vez ele se materializou na cadeira vazia bem ao lado da Bisa.
- Tu também é piloto? - perguntou ela, confundindo dreadlocks com capacete.
Interrompi os mais velhos porque havia pergunta mais urgente para fazer:
Ao perceber a ausência de respostas, a dúvida, essa Honda desgovernada, contornou os cuidados e atenções de Mamãe Carol, dobrou a curva da Vó Nelda, saculejou sobre minhas costelas magras e se postou no topo do pódio.
Então eu ouvi Baragahansa.
Não, não foi o ronco dos motores. Rasta Baragahansa foi um iogue, guru e capoeirista jamaicano que desapareceu em 1836 depois de um encontro misterioso com um pajé de Washington.
Mas, para os que sabem perguntar, o mestre sempre costuma se manifestar nesses casos de perguntas irrespondíveis e Polar em excesso.
Dessa vez ele se materializou na cadeira vazia bem ao lado da Bisa.
- Tu também é piloto? - perguntou ela, confundindo dreadlocks com capacete.
Interrompi os mais velhos porque havia pergunta mais urgente para fazer:
- Guru, sábio guru, me responda só uma coisinha.
- Ih, conheço você. Começa com uma coisinha...
- Apenas me diga, assim, sem mais delongas. Esse guri aqui, com esses olhinhos de matar a gente, ele tem fé?
Baragahansa lambeu os dedos para limpar o molho do cachorro-quente, observou João Henrique por alguns segundos, fez blrrrrrr, fez careta, imitou um jumento. Voltou a observar.
João, o observado, acelerava as tranças do guru.
- Eu diria que sim – afirmou Baragahansa depois de algum tempo -.Talvez - disse em seguida -. Talvez não - disse depois.
- Oi?
- Na verdade, fé não é importante.
- Fé não é importante?!
Até o João parou de sorrir.
- JH tem algo muito mais importante do que fé.
- Teta?
João voltou a sorrir.
- Também. Mas algo maior.
- O dindo Alemão?
- Não. Cheio de firmeza e branduras.
- A fortaleza de doces da dinda Merli?
- Também não. Que vem de muito longe, mas está bem perto.
- A tia Didi?
- Não. O que aparece onde menos se espera.
- Papai Rodrigo que travou no gate, mas já aponta em primeiro, tapado de quero-quero?
- Não, cara! Você é mesmo ruim nesse negócio de adivinhação.
- Também... Cada dica...
- Quer que eu fale?
- Já? Não quer reconhecer a pista primeiro, conferir a suspensão, checar os pneus, dar um autógrafo?
- A permanente sensação de Deus.
- O quê?
- João tem a permanente sensação de Deus.
- Baragá, meu guru, pega leve. É festa de criança.
- João tem a certeza que não vem da lógica nem dos comissários de provas.
- Caramba! De onde vem essa certeza toda em tão pouco tempo? Tá mal começando a caminhar.
- João está em contato puro com o divino, sem questionamentos, sem dúvidas, sem necessidade de evangelhos ou chefes de federações.
- Ô guri de sorte!
- João Henrique e todos os outros desengonçadinhos dessa idade mantêm um contato íntimo com o Todo, aquela permanente sensação de Deus.
- Então não é preciso ter fé?
- Fé em quê? Basta sentir a presença. Basta saber que lugar melhor não existe do que a mão gorda de Deus.
- Não esquece da teta...
- Não esqueço. É assim mesmo essa presença. A companhia, a segurança e o alimento perfeito. Assim é Deus presente. Como uma teta.
- Mas que Deus? Existem mais deuses no mundo do que pilotos nesta festa.
- Deus é Indescritível. Apenas faz sentido quando sentido.
- Faz sentido.
- Fé não é importante?!
Até o João parou de sorrir.
- JH tem algo muito mais importante do que fé.
- Teta?
João voltou a sorrir.
- Também. Mas algo maior.
- O dindo Alemão?
- Não. Cheio de firmeza e branduras.
- A fortaleza de doces da dinda Merli?
- Também não. Que vem de muito longe, mas está bem perto.
- A tia Didi?
- Não. O que aparece onde menos se espera.
- Papai Rodrigo que travou no gate, mas já aponta em primeiro, tapado de quero-quero?
- Não, cara! Você é mesmo ruim nesse negócio de adivinhação.
- Também... Cada dica...
- Quer que eu fale?
- Já? Não quer reconhecer a pista primeiro, conferir a suspensão, checar os pneus, dar um autógrafo?
- A permanente sensação de Deus.
- O quê?
- João tem a permanente sensação de Deus.
- Baragá, meu guru, pega leve. É festa de criança.
- João tem a certeza que não vem da lógica nem dos comissários de provas.
- Caramba! De onde vem essa certeza toda em tão pouco tempo? Tá mal começando a caminhar.
- João está em contato puro com o divino, sem questionamentos, sem dúvidas, sem necessidade de evangelhos ou chefes de federações.
- Ô guri de sorte!
- João Henrique e todos os outros desengonçadinhos dessa idade mantêm um contato íntimo com o Todo, aquela permanente sensação de Deus.
- Então não é preciso ter fé?
- Fé em quê? Basta sentir a presença. Basta saber que lugar melhor não existe do que a mão gorda de Deus.
- Não esquece da teta...
- Não esqueço. É assim mesmo essa presença. A companhia, a segurança e o alimento perfeito. Assim é Deus presente. Como uma teta.
- Mas que Deus? Existem mais deuses no mundo do que pilotos nesta festa.
- Deus é Indescritível. Apenas faz sentido quando sentido.
- Faz sentido.
- Ô!
- Acho que já senti uma vez ou outra.
- É provável - concordou Baragahansa depois de mastigar uma coxinha - Geralmente você sente esse barato quando algo impossível acontece a você. Aquele instante em que, de alguma forma, você já sabia que o impossível ia acontecer.
- Como uma ultrapassagem na última curva - interferiu Papai Rodrigo.
- Já sem pneu e braço. Sim. Ali você recebe o sopro sublime que precisava.
- Bem que eu senti um negócio...
- O segredo está em manter aquela sensação de contato, da certeza da presença. Manter essa sensação e trazê-la para todos os momentos. Porque sabemos que é possível.
- Daria pra ganhar todas as provas do campeonato.
- Ou serenar as derrotas.
Enquanto papai Rodrigo se afastava (não muito satisfeito com aquele papo de derrota), eu tentei ponderar com o guru:
Enquanto papai Rodrigo se afastava (não muito satisfeito com aquele papo de derrota), eu tentei ponderar com o guru:
- Pra você e pro João parece fácil, lúcido Baragahansa. Mas isso não é tão simples pra nós, pra toda essa gente grande e cabeçuda que não consegue ver além do que foi ensinado.
- Desensinado.
- É que essa correria toda dificulta um pouco, você sabe.
- Não sei.
- Sempre tem uma suspensão pra ajustar, uma fralda pra trocar, um texto pra traduzir... A gente acaba nem notando essa presença entre mamadeiras, chaves de fenda e planilhas de texto.
- A culpa é somente sua, você sabe.
- Minha?!
- Sua.
- Com tanta gente nesta festa? O culpado não pode ser o Tivô, por exemplo? Ou a Tivó e aquele rejuvenescimento suspeito... Que tal a Vó Norma? Tá com cara de culpada.
- A culpa é sua e de todos vocês.
- Ah, agora sim... Então vamos dividir essa cruz.
- Estejam à vontade - disse Baragahansa - Eu vou comer uma fatia de bolo. Tem guaraná?
Com autorização do guru, conclamei a galera:
- Chega aí, Vô Edu! Tio Diego e tia Vivi, não se façam de salame! Temos uma cruz pra levar pro furgão.
- Por falar em furgão... - recomeçou o guru entre duas garfadas.
- Aí vem...
- O furgão também tem sua culpa.
- Tranquilo. Ele vai fazer a maior parte do trabalho.
- O furgão é um símbolo de sua civilização.
- Eu nem sou tão civilizado assim... Hoje, por exemplo, eu palitei os dentes na festa.
- Se você vivesse lá na origem do seu palito e de sua cruz, em comunhão com a fonte, em contato pleno com tudo aquilo que vive, você seria igualzinho ao João Henrique.
- Bochechudo?
- Talvez. Mas saberia de algo que só ele sabe e que você desaprendeu nas carteiras da escola, nas escrituras, nos papais-do-céu ensinados e não sentidos.
João mostrou as palmas das mãozinhas para dizer: Cadê?
- Não sei.
- Sempre tem uma suspensão pra ajustar, uma fralda pra trocar, um texto pra traduzir... A gente acaba nem notando essa presença entre mamadeiras, chaves de fenda e planilhas de texto.
- A culpa é somente sua, você sabe.
- Minha?!
- Sua.
- Com tanta gente nesta festa? O culpado não pode ser o Tivô, por exemplo? Ou a Tivó e aquele rejuvenescimento suspeito... Que tal a Vó Norma? Tá com cara de culpada.
- A culpa é sua e de todos vocês.
- Ah, agora sim... Então vamos dividir essa cruz.
- Estejam à vontade - disse Baragahansa - Eu vou comer uma fatia de bolo. Tem guaraná?
Com autorização do guru, conclamei a galera:
- Chega aí, Vô Edu! Tio Diego e tia Vivi, não se façam de salame! Temos uma cruz pra levar pro furgão.
- Por falar em furgão... - recomeçou o guru entre duas garfadas.
- Aí vem...
- O furgão também tem sua culpa.
- Tranquilo. Ele vai fazer a maior parte do trabalho.
- O furgão é um símbolo de sua civilização.
- Eu nem sou tão civilizado assim... Hoje, por exemplo, eu palitei os dentes na festa.
- Se você vivesse lá na origem do seu palito e de sua cruz, em comunhão com a fonte, em contato pleno com tudo aquilo que vive, você seria igualzinho ao João Henrique.
- Bochechudo?
- Talvez. Mas saberia de algo que só ele sabe e que você desaprendeu nas carteiras da escola, nas escrituras, nos papais-do-céu ensinados e não sentidos.
João mostrou as palmas das mãozinhas para dizer: Cadê?
- A tal sensação de Deus? - perguntei.
- Essa.
- Mas, mestre Baragahansa, como aprender o desaprendido?
- Tem bons professores por aí, pequeno gafanhoto.
- Ufa! Quem são esses caras?
- Vou dar umas dicas.
- Sério? Até desanima...
- Vou dar umas dicas.
- Sério? Até desanima...
- Procure entre aqueles que praticam o contentamento.
- Vai ser difícil. Tem bastante gente contente na festa. Olha a cara da tia Mara e da tia Patrícia!
- É verdade... E a tia Regina? Cheia de sorrisos.
- Flávia, que se obriga a rir das piadas do Felipe.
- Ah, são boas, vai...
- Do Olavinho nem é preciso falar.
- Com tanto algodão-doce...
- Tio Nereu sacudindo os bigodes.
- Leto e Iva gargalhando.
Baragahansa, com a cara lambuzada de merengue, apanhou um beijo que João Henrique jogava e mudou o rumo da prosa:
- Quer outra dica?
- Manda.
- Você também pode procurar entre aqueles que são gratos ao Grande Prêmio da Vida...
- Conheço alguns - dei uma piscadinha pra Dona Nelda.
- Entre os que fazem da derrota um ensinamento, que são humildes na vitória...
- Também conheço.
- Entre os que não reclamam dos buracos na pista...
- Vai ser difícil. Tem bastante gente contente na festa. Olha a cara da tia Mara e da tia Patrícia!
- É verdade... E a tia Regina? Cheia de sorrisos.
- Flávia, que se obriga a rir das piadas do Felipe.
- Ah, são boas, vai...
- Do Olavinho nem é preciso falar.
- Com tanto algodão-doce...
- Tio Nereu sacudindo os bigodes.
- Leto e Iva gargalhando.
Baragahansa, com a cara lambuzada de merengue, apanhou um beijo que João Henrique jogava e mudou o rumo da prosa:
- Quer outra dica?
- Manda.
- Você também pode procurar entre aqueles que são gratos ao Grande Prêmio da Vida...
- Conheço alguns - dei uma piscadinha pra Dona Nelda.
- Entre os que fazem da derrota um ensinamento, que são humildes na vitória...
- Também conheço.
- Entre os que não reclamam dos buracos na pista...
- Ah, João Pedro, João Pedro...
- Procure entre aqueles que sabem que o chassi é importante, mas quem manda é o terreno.
- Opa! Agora afunilou a pista.
- Procure entre os que sabem que não é o homem que dirige na Grande Reta do Destino.
- Guru... Hoje sim você tá dando alimento pra cachola!
- Você também pode procurar entre os que percebem a essência das outras criaturas.
- Opa! Agora afunilou a pista.
- Procure entre os que sabem que não é o homem que dirige na Grande Reta do Destino.
- Guru... Hoje sim você tá dando alimento pra cachola!
- Você também pode procurar entre os que percebem a essência das outras criaturas.
- Piloto é criatura?
- Esquisita, mas é. Procure também entre os que perdoam, que toleram.
- Pontapé na fechada é tolerância? Dá pra perdoar?
- Well...
- No fim, grande Baragahansa, você há de concordar que tem gente pacas.
- Well...
- No fim, grande Baragahansa, você há de concordar que tem gente pacas.
- São quase sempre os mesmos.
- Já facilita.
- Já facilita.
- Agora o mais importante.
- O mais importante. Essa eu não posso perder.
- Procure entre os que sorriem e exercem gentilezas.
- Sorriem e são gentis?
- Sempre. Gentis e sorridentes.
Eu sorri cheio de gentilezas para o guru Rasta Baragahansa e ele se despediu em uma nuvem de fumaça.
Com o mais importante aprendido (ou desaprendido), recitei um mantra, bebi mais um gole da Polar e percebi que João Henrique ainda dava tchauzinhos e mandava beijos para o mestre jamaicano.
Foi quando me ocorreu um segundo pensamento a respeito da mesma criança.
JH franziu a testa. O que esse tio-vô doido ia perguntar agora?
Mas pra essa nova pergunta não é preciso consultar guri ou guru.
Basta que fale você aí, que sempre fala a verdade:
- Sorriem e são gentis?
- Sempre. Gentis e sorridentes.
Eu sorri cheio de gentilezas para o guru Rasta Baragahansa e ele se despediu em uma nuvem de fumaça.
Com o mais importante aprendido (ou desaprendido), recitei um mantra, bebi mais um gole da Polar e percebi que João Henrique ainda dava tchauzinhos e mandava beijos para o mestre jamaicano.
Foi quando me ocorreu um segundo pensamento a respeito da mesma criança.
JH franziu a testa. O que esse tio-vô doido ia perguntar agora?
Mas pra essa nova pergunta não é preciso consultar guri ou guru.
Basta que fale você aí, que sempre fala a verdade:
Será que existe, no mundo inteiro, alguém mais sorridente e gentil do que esse desengonçadinho de Deus?
*(Notinha final: Para desespero do pai, JH vai ser poeta.)