Escrevia versos
em delicadas sedas
pra véus
disfarces
cigarro
maconha
em delicadas sedas
pra véus
disfarces
cigarro
maconha
ilusão
Depois as vendia na feira
no meio de batata
arroz
desespero
e feijão
Mãos suadas
enrugadas
compravam daquelas sedas
Liam na mesma hora
para não serem fumadas
ou virarem borboletas
Mãos suadas
enrugadas
compravam daquelas sedas
Liam na mesma hora
para não serem fumadas
ou virarem borboletas
Um dia chegou o vento
com palhaços
saltimbancos
um mágico
um idiota
e um menestrel
Fizeram aquela arruaça,
sujaram calçadas
lambuzaram camas de hotel
Ergueram saias,
lonas
carroças
com palhaços
saltimbancos
um mágico
um idiota
e um menestrel
Fizeram aquela arruaça,
sujaram calçadas
lambuzaram camas de hotel
Ergueram saias,
lonas
carroças
e bancas de pastel
Voaram por toda a praça
Voaram por toda a praça
seda,
poesia
a poeta Maria da Graça
poesia
a poeta Maria da Graça
e um louco
sem chapéu
Depois,
cúmplice do vento
o sol brilhou lá no céu
Expunha
ali
de repente
o passarinho coronel,
que bailava
na fumaça
do dance floor do bordel
Com ele voavam
três moças
todas dançando Gardel
Na chama
de suas bocas
sem chapéu
Depois,
cúmplice do vento
o sol brilhou lá no céu
Expunha
ali
de repente
o passarinho coronel,
que bailava
na fumaça
do dance floor do bordel
Com ele voavam
três moças
todas dançando Gardel
Na chama
de suas bocas
queimava aquele papel