quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sedas de Poesia


Escrevia versos
em delicadas sedas
pra véus
disfarces
cigarro
maconha
ilusão

Depois as vendia na feira
no meio de batata
arroz
desespero
e feijão

Mãos suadas
enrugadas
compravam daquelas sedas
Liam na mesma hora
para não serem fumadas
ou virarem borboletas

Um dia chegou o vento
com palhaços
saltimbancos
um mágico
um idiota
e um menestrel

Fizeram aquela arruaça,
sujaram calçadas
lambuzaram camas de hotel
Ergueram saias,
lonas
carroças
e bancas de pastel

Voaram por toda a praça
seda,
poesia
a poeta Maria da Graça
e um louco
sem chapéu

Depois,
 cúmplice do vento
o sol brilhou lá no céu
Expunha
ali
 de repente
o passarinho coronel,
que bailava
na fumaça
do dance floor do bordel

Com ele voavam
três moças
todas dançando Gardel
Na chama
de suas bocas
queimava aquele papel



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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Pequenos Espíritos Dentro de Ti


Pois eu vos digo que há apenas uma maneira de transformar o mundo: a Arte.

Apenas a Arte nos faz acreditar que existe algo além de nossa limitada racionalidade. Apenas a Arte nos permite o contato íntimo com nossa própria intuição, com nossa inata inteligência poética.

Não há outra maneira de transformar o mundo.

É preciso Arte.

É preciso Arte.

É preciso Arte.

Adeus limitada racionalidade.

A Deus essa alma latente e lírica.

Intui.

Crê.

Vê.

Sê.

Porque agora um homem sabe das divindades.

Elas habitam a Arte, elas caminham versos, são famosas por intangíveis.


Elas vêm do fluido e do sublime.

Elas chegaram para buscar segredos dentro de ti.

Convém que atentes para teu próprio silêncio, que atentes nos seres voláteis, nos elementais da Arte.

Sente.

Não são sonoros nem são de luz.

Não tem cheiro ou sabor.

São alheios ao tato.

Não são da terra, não são do fogo, não são da água, não são do ar.

Os elementais da Arte percorrem caminhos sutis e se encontram nas alamedas ocultas dos mundos irracionais.


Exprimem paradoxos.

Desfazem conceitos.

Negam evidências da Física.

Descumprem leis e enfiam pulgas por detrás das orelhas de estimação.

Para vê-los, outros olhos.

Para senti-los, explodir os cadeados enferrujados da mente, arrancar as portas de suas dobradiças ancestrais. Arrebentar grilhões.

Abra as costelas, de par em par.

Deixe espaço para que pequenos espíritos atinjam apenas órgãos vitais e o caroço sábio da alma.

Permite.

Acredita.

Aceita.

São teus.


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