quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Sedas de Poesia


Escrevia versos
em delicadas sedas
pra véus
disfarces
cigarro
maconha
ilusão

Depois as vendia na feira
no meio de batata
arroz
desespero
e feijão

Mãos suadas
enrugadas
compravam daquelas sedas
Liam na mesma hora
para não serem fumadas
ou virarem borboletas

Um dia chegou o vento
com palhaços
saltimbancos
um mágico
um idiota
e um menestrel

Fizeram aquela arruaça,
sujaram calçadas
lambuzaram camas de hotel
Ergueram saias,
lonas
carroças
e bancas de pastel

Voaram por toda a praça
seda,
poesia
a poeta Maria da Graça
e um louco
sem chapéu

Depois,
 cúmplice do vento
o sol brilhou lá no céu
Expunha
ali
 de repente
o passarinho coronel,
que bailava
na fumaça
do dance floor do bordel

Com ele voavam
três moças
todas dançando Gardel
Na chama
de suas bocas
queimava aquele papel



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