"Basta ser sincero
E desejar profundo
Você será capaz
De sacudir o mundo
Vai!
Tente outra vez!
Tente! (Tente!)
E não diga
Que a vitória está perdida
Se é de batalhas
Que se vive a vida
Han!
Tente outra vez!"
(Raul Seixas)
Os beatniks tentaram. Os hippies tentaram. Os punks
tentaram. Jovens mundo afora ainda tentam. Você deve ter tentado. Eu estou
quase desistindo de tentar.
Depois de tanta tentativa, no meio de toda poeira e poucas batalhas vencidas, o poder prevalece como o supremo senhor desta guerra permanente.
Não é difícil diagnosticar as razões de vitórias e derrotas.
O poder é dono de algo que nenhum movimento cultural / social possui: a
Informação.
E nenhuma arma pode ser mais importante do que a Informação
durante as lutas sociais. Quando aqueles que se localizam na base da pirâmide
econômica exigem a redução de privilégios dos que se locupletam lá no topo, a artilharia
pesada da imprensa chega de assalto.
Então basta bombardear a opinião pública com notícias
selecionadas, cuidadosos jogos de palavras e eufemismos, vários pesos e várias medidas,
opiniões dissimuladas, proteção de aliados políticos e patrocinadores, edição
de entrevistas, crítica rasa e análise superficial.
O que surpreende é que esse não deveria mais ser o estado
das coisas. Não nestes tempos de internet. Não nestes tempos em que quase tudo
pode ser checado, em que para cada ponto há um contraponto, para cada argumento
um contra-argumento, para cada bunda uma opinião.
Diz-se hoje que cada um olha apenas, não para a própria
bunda, mas para o próprio umbigo.
Digo eu: que bom que fosse assim. O que realmente acontece é
que a maioria (sob a luz das câmeras, mas sem nada ver) zela pelos umbigos lustrosos
de uma minoria.
A arma Informação atinge seu alvo. A maioria não sabe que é
maioria. Não sabe que está na base da pirâmide ou alguns degraus acima. Não
sabe que se apoiasse movimentos sociais teria apenas a ganhar.
Ou talvez saiba. Mas não quer ser vista lá, com aquela
gente.
Então, a maioria da maioria, bombardeada por desinformações,
chavões e repetições de mentiras, bandeia-se sorridente (ou raivosa) lá para as
trincheiras do poder. Vai polir umbigos como ninguém.
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