Imagem de Fábio Oliveira - melhor conhecido como Cranio |
Eita dia esquisito!
A varanda atulhada de pardal
e no varal tem pendurado,
entre tardes e calcinhas,
um recorte de jornal
No jornal
tá lá escrito
(eu vejo e não acredito)
índio quer apito
é pra pular carnaval
Índio quer TV,
celu,
abadá
Índio quer guaraná
celu,
abadá
Índio quer guaraná
(melhor que aquela semente
cultivada pela gente
vinda lá do Pará)
Índio quer jogar este game
mas por mais que a gente teime
ninguém aprende a jogar
Aqui é bola quadrada,
aqui é jogo doente
A pelada é na calçada
no meio de tanta gente
Só depois dessa cachaça
Só depois dessa cachaça
dá pra seguir em frente
Lá no bar tá o sujeito
com seu martelo de pinga
Não tem grana
arruma briga
mexe com rapariga
Lá no bar tá o sujeito
que não tem amor à vida
Tem Cristo,
tem crucifixo
Não tem Jaci ou Tupã
Bem vindo pajé
Bem vindo encarnado xamã
Para índio sem apito,
o futuro não existe,
denunciado desamanhã
Eita dia esquisito!
No varal tá pendurado,
entregue ao vento
e à própria sorte,
um índio civilizado
e à própria sorte,
um índio civilizado
no desventurado recorte
É um índio sem apito,
É um índio sem apito,
lá de cima,
cabra forte,
e seu segundo suicídio
pra fugir da mesma morte
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