quarta-feira, 11 de abril de 2018

Uma Forma Chique de Morrer



Julgo, 
invejo,
reclamo
sempre
e demais
Passo tempo
em passatempo
sem pensar
em todo tempo
que eu passei
sem pensar

Lamento,
resmungo,
escorrego,
esnobo,
assisto TV
Curto sempre
o mesmo link
porque agora
é muito chique
esta forma de viver

Agarro-me às paredes
deste lugar
de morar
Saciada fome,
saciada sede,
pacatos neurônios
em paz
O resto,
adorado
deus Mercado,
você há de regular

Não,
desculpe,
não tem lagosta
Chandon
caviar
Mas,
deixe estar,
tá tranquilo
Tem tudo aquilo
que trabalho
suado
ou suor
explorado
pode comprar

Bem sei 
quem represento
Homens nobres,
gente com cobre,
mulheres de bem
Manicômio,
prisão,
gás,
linchamento?
Um momento!
Apenas pra quem
me convém
O que vale
a vida
humana
perto de
nota de cem?

Tudo bem,
eu confesso
Nunca vi lá no alto
Do chão,
eu nem sei o cheiro
Mas,
aquele grito de escravo,
aquele grito
de medo,
queridos senhores de engenho,
morreu ali
pelo meio

Porque,
se é pra ter certeza,
que ela
seja absoluta
Eliminar toda disputa
de gente
sem pedigree
E pra você
aí da limpeza,
 só me resta
uma pergunta:
- Para onde,
José,
para onde?
Haiti ou Piauí?
Porque
para passar fome,
criança,
mulher
ou homem,
que seja longe daqui



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