quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Que DESESPERO é esse em 2014?


Folha Press
Que momento especial estamos vivendo!
É a primeira vez que participamos do roteiro de uma eleição. É a primeira vez que realmente podemos nos manifestar.
As redes sociais agora são fontes para a imprensa. Nós deixamos de ser apenas leitores, ouvintes ou telespectadores.
Na era da internet, nós somos múltiplos. Somos a notícia e o noticiado, o informante e o informado.
É um privilégio viver neste novo mundo sem fronteiras. Adeus, territórios. Adeus geografias.
Que momento especial estamos vivendo!

A ânsia por expressão mandou o voto secreto pro beleléu. Felizmente, digo eu. Porque assim, quando você revela suas inclinações políticas, você incentiva o exercício da tolerância.
E tolerância se aprende praticando - como votar.
Tolerância é ser capaz de entender que, sim, cada cabeça é uma sentença. Por mais que rime, por mais estranho que pareça.

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos lhe direi
Amigo, eu me desesperava

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente eu grito em português
                                                                 (Belchior)

peroratio.blogspot.com
Mas diga-me, Deus, que desespero é esse em 2014? Que gritaria é essa, sem sentido? É um tal de Aécio cheirador pra cá, é Dilma PresidANTA pra lá. É coxinha, é petralha, é Venezuela, Cuba, Miami, pobre Brasil.

Amigo, eleição não é futebol.

Eleição não é Corinthians e Palmeiras, não é Gre-Nal, nem Fla-Flu, nem Ba-Vi, nem Bra-Pel.

Estamos agindo como se o país fosse um estádio, e nós, os hooligans.

Defendemos cada partido com a mesma paixão com que torcemos para o nosso time. O nosso candidato é melhor que Messi, o nosso partido é campeão do mundo.

Será que xingar petistas de cegos e peessedebistas de coxinhas é a maneira mais efetiva de convencimento?

Sem falar na evidente falta de educação, usar um plural para xingar alguém demonstra puro e simples preconceito.

Pessoa é singular. Julgar o todo a partir do individual está na raiz da maioria dos preconceitos. Daí ouvirmos preciosidades como todo gremista é racista, todo são-paulino é veadotodo colorado é campeão (ops, tolere essa última).

Se você acredita em seu candidato, debata, mostre suas idéias, exponha os projetos do seu partido. Mas compreenda que esse sentimento de indignação que você sente é igualzinho ao que o outro sente. E isso, por si só - já os torna parceiros de sentimento.

No fundo você sabe que nenhum deles realmente o representa.
Mesmo assim, que grande chance de debater essa falta de representatividade!

Hoje, em dois segundos é possível falar com o Brasil inteiro. Vivemos um tempo em que é finalmente possível falar como povo.

Não somos porta-vozes de políticos. Eles é que deveriam ser nossos porta-vozes, eles é que deveriam estar brigando por nós.

No fim dessa briga nós é que saímos esfolados.

Então será que vale a pena toda essa gritaria por Dilmas, Aécios e Messis?

Que tal baixar as bandeiras, sentar nas arquibancadas e, civilizados como somos, bater um papo?

Que momento especial estamos perdendo.

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