Acordei na mesma hora
de acordar toda manhã
Beijei Nossa Senhora
pedi benção de Iansã
Pendurei no meu busanga,
Brasilândia - Jaçanã
Um bom-dia
um sorriso
uma pilha de papel
Boleto tudo atrasado
bilhete de entrar no céu
Pura pobre alma penada
nesta vida de aluguel
Ralo a manhã inteira
e a mesa ainda lotada
Divido comigo mesmo
arroz, ovo e uma salada
Água limpa da torneira
se possível bem gelada
Sempre aquela sobremesa
queijo com goiabada
A conta nem vem pra mesa
fica lá dependurada
Não se acaba esta semana,
vai dar dez e não dá seis
Tá cheio de bambambã,
tudo falando inglês
Não espero até amanhã
pra acabar tudo de vez
No chazinho de hortelã
tem surpresa pra vocês
Então penso na merreca
que recebo todo mês
É só isso que me breca
de ferrar com dois ou três
Se aqui é uma merda
imagina no xadrez
O corpo que vai pra casa
O corpo que vai pra casa
retorna vazio amanhã
Leve a alma, seu Satã,
devolva no fim do mês
Resta pra esta casca
Leve a alma, seu Satã,
devolva no fim do mês
Resta pra esta casca
fazer o que sempre fez
No Brasilândia-Jaçanã
sacolejar mais uma vez
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