Retira, Deus, dessa gente
o destino de avestruz
A cabeça enterrada
e tantos traseiros nus
Além daquelas calçadas
Além daquelas calçadas
deste quarto de hotel
entendo a mulher que pára,
sei por que olha pro céu
É porque assim parada,
É porque assim parada,
ela vai enfim perceber
que se engole a madrugada,
que é doído amanhecer
O jeito é seguir em frente,
triste sina de avestruz
Ela, que nem tem dentes,
morde o cartão do SUS
Os filhos sonham com fadas,
O jeito é seguir em frente,
triste sina de avestruz
Ela, que nem tem dentes,
morde o cartão do SUS
Os filhos sonham com fadas,
o marido, com a amante
Ela não sonha nada,
por ter sonhado o bastante
Se vidros estilhaçam
Que tal, caro avestruz,
meter o pé nessa gente?
Mandá-los tomar nos cus,
nem votar pra presidente
Se vidros estilhaçam
e homens dizem amém
Debaixo de nossas ruínas
vai sobrar é ninguém
Que tal, caro avestruz,
meter o pé nessa gente?
Mandá-los tomar nos cus,
nem votar pra presidente
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